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(DOC. VP 492.4894.6496.0392)

TST. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. EXECUTADA. LEI 13.467/2017. FASE DE EXECUÇÃO. TRANSCENDÊNCIA. ENTE PRIVADO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE DEFINIDO NA FASE DE CONHECIMENTO. TRÂNSITO EM JULGADO. TESE VINCULANTE DO STF. 1 - Deve ser reconhecida a transcendência jurídica quando se mostra aconselhável o exame mais detido da controvérsia devido às peculiaridades do caso concreto. O enfoque exegético da aferição dos indicadores de transcendência em princípio deve ser positivo, especialmente nos casos de alguma complexidade, em que se torna aconselhável o debate mais aprofundado da matéria. 2 - O STF conferiu interpretação conforme a CF/88 aos arts. 879, § 7º, e 899, § 4º, da CLT (com redação dada pela Lei 13.467/2017) para definir que, até que sobrevenha nova lei, a atualização monetária dos créditos decorrentes de condenação judicial, incluindo depósitos recursais, para entes privados, deve ocorrer da seguinte forma: na fase extrajudicial (antes da propositura da ação) incide o IPCA-E cumulado com os juros da Lei 8.177/1991, art. 39, caput; na fase judicial (a partir do ajuizamento da ação) incide a SELIC, que compreende a correção monetária e os juros de mora. 3 - O STF modulou os efeitos da decisão, nos seguintes termos: a) « são reputados válidos e não ensejarão qualquer rediscussão, em ação em curso ou em nova demanda, incluindo ação rescisória, todos os pagamentos realizados utilizando a TR (IPCA-E ou qualquer outro índice), no tempo e modo oportunos (de forma extrajudicial ou judicial, inclusive depósitos judiciais) e os juros de mora de 1% ao mês"; b) « devem ser mantidas e executadas as sentenças transitadas em julgado que expressamente adotaram, na sua fundamentação ou no dispositivo, a TR (ou o IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao mês «; c) « os processos em curso que estejam sobrestados na fase de conhecimento, independentemente de estarem com ou sem sentença, inclusive na fase recursal, devem ter aplicação, de forma retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária) «; d) os parâmetros fixados « aplicam-se aos processos, ainda que transitados em julgado, em que a sentença não tenha consignado manifestação expressa quanto aos índices de correção monetária e taxa de juros (omissão expressa ou simples consideração de seguir os critérios legais) «. 4 - O STF acolheu parcialmente os embargos declaratórios opostos pela AGU para sanar erro material, registrando que: a) a taxa SELIC incide a partir do ajuizamento da ação, e não a partir da citação; b) a taxa SELIC abrange correção e juros, e, a partir do ajuizamento da ação, sua aplicação não pode ser cumulada com os juros da lei trabalhista; c) não foi determinada a aplicação da tese vinculante à Fazenda Pública; d) a correção monetária aplicável a ente público quando figurar na lide como responsável subsidiário ou sucessor de empresa extinta é matéria infraconstitucional, que não foi objeto da ADC 58. 5 - Conforme decidido pelo STF na Rcl 48135 AgR, quando não for o caso de trânsito em julgado, a decisão do STF deve ser aplicada em sua integralidade, não havendo reforma para pior ou preclusão, uma vez que se trata de tese vinculante firmada em matéria que possui natureza de ordem pública. 6 - No caso concreto o índice de correção monetária foi definido na sentença da fase de conhecimento. Determinou que «a atualização monetária somente deve ocorrer a partir do vencimento da obrigação, sendo certo que, em sede trabalhista, tal momento se dar-se-á no mês subsequente ao da prestação dos serviços. Juros nos termos da Lei 8.177/91, art. 39, CLT, art. 883 e Súmula 200/TST e Súmula 211/TST, a partir do ajuizamento da ação, de 1% ao mês. (...) considerando que os valores preteridos decorrem de fato gerador posterior a março de 2015, defino como índice de correção monetária nesta decisão o IPCA-E". 7 - Alega a executada que foram interpostos recursos ordinário e de revista, com trânsito em julgado da decisão materializado somente em 22/09/2021, posteriormente, assim, ao julgamento da ADC 58 pelo STF, ocorrido em 18/12/2020. 8 - Sucede, entretanto, que se deve levar em conta a doutrina do trânsito em julgado dos capítulos da sentença, tese adotada por este Tribunal Superior inclusive para fins de apuração de prazo decadencial para ajuizamento de ação rescisória (Súmula 100/TST, II). 9 - Dessa forma, observa-se que a sentença prolatada pela Vara do Trabalho de origem se deu em 18/07/2019 e não houve impugnação das partes quanto a esta matéria. Assim, a coisa julgada, no que tange aos parâmetros de liquidação do crédito trabalhista, se fez presente anteriormente ao julgamento da ADC 58, razão pela qual incidente a modulação de efeitos fixada pelo próprio STF para conferir validade à decisão judicial transitada em julgado que já tivesse definido o índice de correção monetária e a taxa de juros de mora. 10 - Agravo de instrumento a que se nega provimento.

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